Aconteceu durante os dias 04 a 06 de agosto, na Reunião Brasileira de Antropologia (RBA), um evento infantil denominado Abinha. O espaço lúdico foi criado na estrutura da RBA para entreter e “exercitar”, com intuito de proporcionar segurança, saúde e abrigo para os filhos dos participantes da Reunião. Esse acolhimento infantil se deu no departamento de enfermagem da UFRN, em uma pequena salinha, o qual foi chefiado e organizado pela professora Juliana Melo, do departamento de antropologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e na linha de frente das atividades lúdicas, o coordenador Márcio Everton, professor de educação física e com ampla experiência em atividades recreativas, ficou responsável pelas suas realizações.
A Abinha é uma criação recente. “Essa é a terceira edição da Abinha, e, esse nome é um nome daqui, eu não estive presente em outras edições, pois cada universidade é que gerencia, que fica responsável, que vai dar um formato, mas, é a terceira edição que esta acontecendo”, conta a antropóloga Juliana Melo. Segundo ela, a Abinha em cada edição, tem um formato diferente. Em São Paulo, que foi a ocasião anterior a do Rio Grande do Norte, foi uma escola que ficou responsável pelas crianças, elas iam desenvolver atividades nesse espaço que oferecia lanches, o qual era em tempo integral, faziam passeios, dentre outras atividades. A Abinha potiguar, no entanto, ofereceu um serviço de atendimento das 08h ao meio dia, e de 14h às 18h. “Nosso espaço não é uma escola, é um espaço restrito de certa forma, oferecemos lanche para as crianças às 10h e às 16h, no entanto, os pais buscam para levarem para o almoço. Desenvolvemos atividades de pinturas, recreação, atividades lúdicas, filmes, brincadeiras de um modo geral”, complementa a coordenadora do evento.
O educador físico Márcio Everton comenta que o cenário atual infantil não é muito agradável. Ele afirma que as crianças devem praticar atividades esportivas e recreativas, trabalhando a psicomotricidade, a mente, o corpo e o desenvolvimento motor. Segundo ele, a criança deve sair do sedentarismo. Assim, o físico e a mente infantil poderiam ser contemplados com benefícios. “Eu gosto muito dessa área de lidar com crianças. Eu vejo que a criança com essas atividades esportivas e recreativas, trabalha a psicomotricidade, a mente, o corpo, o desenvolvimento motor, vemos a criança saindo do sedentarismo. Passando a missionar o esporte, a criança vai não só trabalhar o físico, mas trabalhar também a mente, e vai estar se socializando com outras crianças, sabendo o certo e o errado, saber vencer e saber perder, saber lidar com outras crianças com temperamentos mais ativos, outras com temperamentos mais tranquilos, vai saber lidar com grupo, e saber sair de qualquer situação. Isso ajuda sim, no desenvolvimento mental e físico, vejo que o esporte é bem vantajoso para o desenvolvimento da criança, seja educacional, físico ou mental”, assegura o coordenador. O profissional de educação física ainda complementa que, antigamente, quando não existia internet, as crianças teriam outros motivos para se divertir, como: soltar pipa, jogar pião, jogar biloca, etc. As meninas brincavam de pular elástico, amarelinha, pular corda, queimada, pique bandeira, pique esconde. Ele levanta a hipótese de que, realizando pesquisas com crianças que faziam esse trabalho no passado em relação às crianças de hoje, que vivem em casa na internet, poderíamos ver a diferença. Ele atesta que as crianças do passado eram mais ágeis, tinham uma coordenação mais apurada, pois vinham de uma geração que lidava com esporte, com o corpo, com movimentos, diferente de crianças de hoje, que geralmente, os pais incentivam o sedentarismo por não estarem atentos aos benefícios do esporte e das brincadeiras aeróbicas. Nessa perspectiva, permitindo que elas façam o uso do mundo digital em tempo integral.
A terceira edição da Abinha contou com profissionais altamente qualificados para o trabalho e com monitores especializados no assunto. Havia poucas crianças utilizando o recurso oferecido pela RBA no período vespertino, mas mesmo assim a estrutura oferecida pela universidade não contemplava a idealização de Márcio Everton. O espaço era pequeno e pouco iluminado, nada infantil, era apenas uma sala de aula. As crianças reproduziam o mesmo modelo de sedentarismo que os profissionais responsáveis pelo o evento afirmaram ser contra, assistindo a filmes da Disney. Por fim, a análise sobre a postura e o grande universo de atuação da Antropologia no evento da 29ª RBA, que não deu um espaço direcionado exclusivamente ao estudo da criança e seu universo, fez-se poder atestar, por um olhar de quem assiste ao evento, que houve uma escassez de trabalhos na área infantil no evento desse ano, ratificando algumas ações que passam despercebidas aos olhos dos responsáveis por crianças, nos dias atuais.
Por: Alexandre Bethoven, Andréa Cynthia, Arsenio Targino, Diego Silva, Maria de Fátima.